domingo, 20 de novembro de 2011

Buscando as palavras certas


   "É preciso coragem para se levantar e falar, assim como para sentar e ouvir"

         Quando eu tinha doze anos, meu pai me chamou para pescar com ele. Era um executivo sempre muito ocupado,  raramente estava por perto nos fins de semana. Eu e ele nos dávamos bem, mas nunca tivemos uma conversa séria, a não ser quando eu tinha dificuldades na escola. Por isso, eu me senti radiante com o convite.

         No sábado, ele pegou o caminho da marina, alugou um bote e encontrou um lugar bem interessante para jogar o anzol. Uma vez estabelecidos ali, meu pai disse:

- Filho, posso ver que você está deixando de ser um menino para se transformar em um homem, e isso é muito bom. Mas acredito que você também esteja achando essa época meio complicada. 

       Ele continuou falando aquelas coisas sobre idade e amadurecimento. Em determinados momentos, tentava encontrar as palavras certas, mas não deixava nenhum raciocínio incompleto. Quando terminou, fiquei ali, sentado, sentindo o movimento do barco e o vento em meu cabelo, perguntando a mim mesmo se estava sonhando. Então eu disse:

- Papai, ouvir o senhor conversar comigo desse jeito era uma coisa que eu sempre quis, mas não achava que fosse algo que o senhor quisesse também. 

      Ele sorriu e balançou a cabeça.

- Sempre tive dificuldade para falar com vocês, garotos - ele disse -, mas quero que saiba o seguinte: eu me importo com você e estou aqui sempre que precisar conversar comigo sobre qualquer coisa.

Não me lembro se pegamos algum peixe naquele dia. Só recordo de ter constatado, pela primeira vez na vida, que meu pai era, de fato, meu amigo. 




    Trecho do livro Sons: A Father´s Love (Filhos: o amor de um pai)


Vale a leitura! Histórias lindas e comoventes que nos fazem pensar nas relações, hoje tão raras, de amor entre pais e filhos. 


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