terça-feira, 30 de agosto de 2011

O Neocolonialismo francês através das telas do cinema


 
                      

            O próprio título desta resenha já resume o que iremos tratar ao longo deste texto.  A Batalha de Argel e Indochina, dois filmes diferentes em sua estética e engajamento, porém  com um item em comum: a  abordagem de um tema que até hoje é uma página negra na história -  o Neocolonialismo francês  e  também o processo de independência de duas colônias  então dominadas por este Estado, Argélia e Indochina.





      Ambos os filmes foram premiados em diversos países e abordam, de forma diferente e peculiar, uma parte da História que jamais será esquecida. O longa metragem de Gillo Pontecorvo é um filme político, logo entende-se que se trata de um longa que leva a História para a tela. Nele, Pontecorvo retrata a luta do povo argelino contra o colonialismo francês (contra sua exploração territorial e armamentista – fator determinante para se deter poder na época), fato que se tornou um marco no processo de libertação de diversas colônias no continente africano.
  




Irreverente do início ao fim, o longa se mantém atual mesmo com o passar dos anos, onde se pode ter uma comparação (dentro dos limites do tempo), com a atual situação Estados Unidos x Iraque; em outras palavras, aquilo que se vê desde o início da civilização: dominante vs dominado.

As conseqüências do neocolonialismo francês na África, assim como a trama de A Batalha de Argel, estão mais vivos do que nunca e continua a aparecer através de manifestações racistas. Um exemplo claro dessa “herança” do imperialismo e da idéia de civilização de povos através da força e da história, pode ser vista em 1998, no exato dia 12 de Julho no  qual a França sagrava-se campeã mundial de futebol ao vencer o Brasil por 3 a 0. O grande herói do jogo foi o atacante Zinedine Zidane que, bem como outros 13 jogadores que defendiam a seleção francesa, tinham suas raízes fincadas em ex colônias francesas, como a própria Argélia,  e territórios da África, da América e da Oceania, colonizados pelos franceses no século XIX, tendo suas profundas marcas no quesito cultural, político e econômico de boa parte do mundo chamado imperialismo, neocolonialismo.




 Já em Indochina, longa metragem francês de Régis Wargnier, que tem como protagonista a atriz Catherine Deneuve, além de Vicente Perez, Linh Dan Phan e Henri Marteau, em detrimento do filme A Batalha de Argel, aborda o tema “neocolonialismo” de forma superficial (embora explícito no quesito de exploração de mão de obra e da borracha – sinônimo de poder e industrialização), sendo usada somente como pano de fundo de uma romântica e dramática história de amor.  

No Vietnã durante os anos 30, a francesa Eliane (Catherine Deneuve) é dona de um grande seringal (logo uma matéria prima essencial, visto a crescente industrialização no século XIX) adota uma menina órfã, Camille, filha de vietnamitas que foram mortos em um acidente. A criança é educada nos padrões europeus. Com a aparição de um jovem oficial da marinha francesa Jean Baptiste, a então poderosa Eliane se apaixona pelo mesmo, em tempo que sua filha Camile também demonstra interesse no marinheiro que, a pedido de Eliane, é transferido.

  Todo esse enredo tem como pano de fundo o neocolonialismo francês e no final do longa a menção da independência da Indochina , então dividida em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul.  

No decorrer do longa, passagens implícitas deixam claro a constante do neocolonialismo – rico vs pobre; dominante vs dominado – medo de uma maioria desfavorecida (que sabe que, caso contrarie as normas de seu colonizador, terá seu destino marcado pelo sofrimento) e de uma minoria pertencente à elite da sociedade, que opta por “não enxergar” os caminhos que começavam a ser traçados. 

  Apesar dessa visão parcial, Indochina tem seus pontos altos e de crítica peculiar como descreveu o repórter Luis Carlos Mérten do jornal O Estado de S. Paulo: “...o salto alto quebrado da bela Catherine, representando o fim da dominação colonial.” Uma cena extremamente significativa no  romanesco Indochina.


 A Batalha de Argel 


 Indochina



2 comentários:

  1. Ae, Jayson, tudo bem?

    não sei se era esse post que voce me pediu pra ver, acredito que sim, hehehe.

    Muito bom o texto e o video também!!!!! Tem que ter vindo de você mesmo, pura sensibilidade e magnitude de conhecimento sua. Congratulations!!!!! Você é incrivel, me comove muito, sabendo eu que gosto muito desses assuntos de periodo politico da hisotria e filmes dessas linha é fico orgulhoso em ser amigo seu, hehehe pois ter amizade com alguem que possui uma mente original e Inteligência Incomparável!!!!!!!! Abração!!!!! Quando escrever mais coisa me avisa!! Ficarei feliz. Abc...

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  2. Oi Ti!

    Sim, era esse o post que te recomendei!

    Que bom que você curtiu o texto. Fiquei muito feliz, contente e instigado a produzir mais e mais com esse seu comentário. Muito obrigado! Sempre digo que escrevo para o mundo mas se uma pessoa ou trezentas lerem para mim tem a mesma importância. O importante de verdade é o compartilhamento de conhecimento.

    Abração amigo e volte sempre que volta e meia posto coisas interessantes.

    Abraço.

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