sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ninguém ajuda ninguém

     


 

          Logo depois de chegarmos ao Estados unidos, Jill e eu fomos de carro até Chicago para uma palestra em um hotel do centro da cidade. Estava chovendo muito. Eu sabia que não tinha gasolina no tanque, mas tinha certeza de que encontraria um posto para abastecer no caminho. Eu estava errado! Fiquei sem combustível em plena pista de velocidade no momento de tráfego mais intenso. 

     Eu não tinha a menor ideia do que fazer, por isso saí do carro. Outros motoristas me xingavam. Um carro velho e em péssimo estado se aproximou. Um homem disse alguma coisa e depois se afastou. Eu não consegui ouvir o que ele disse porque resolvera não dar ouvidos aos comentários de quem passava. 
      Eu estava completamente ensopado quando o carro todo avariado se aproximou novamente. O motorista saiu, pegou um galão da caminhonete, colocou combustível no tanque do meu carro e, sem dizer nada, preparou-se para partir.

-Espere um pouco - eu disse - , o que está acontecendo?
 
- Eu não falar inglês - ele respondeu.

      O homem só falava inglês o suficiente para me dizer que havia chegado de Porto Rico uma semana antes. Ele vira a difícil situação em que eu estava, saiu da auto-estrada para comprar combustível e retornou para nos ajudar. Ele não aceitou o reembolso. "Ninguém ajuda ninguém nesta cidade", ele disse. 

             Esse texto de Stuart Briscoe chega a ser um tapa na cara de muitos de nós que presenciamos algumas pessoas necessitando de uma ajuda verdadeira, muitas vezes somente de uma palavra e, querendo ou não, damos as costas. Mas porque o fazemos? 

              Acredito que sentimos medo em ajudar, de achar que ao estender a mão a pessoa poderá se sentir inferior ou até mesmo se injuriar com nosso ato de "bons samaritanos". Na realidade, isso pode sim acontecer mas, na maioria das vezes elas ficarão ali, acreditando que alguém irá parar e ajudar,enquanto isso passamos direto pois, o que impera é o medo da aproximação.






   Quem ajuda não é o que pode, mas o que deseja.
                                                                  Ditado popular mexicano

3 comentários:

  1. Jayson, acredito que todos nós precisamos do outro, não fazemos nada sozinho, se conquistamos algo não foi apenas mérito nosso, teve pessoas ao redor e/ou por trás apoiando, e muito mais por fazer.

    Muitas vezes, não ajudamos por não saber como fazer. Por isso, é preciso tato, tempo e lugar... hora certa para ser um agente de ajuda. Ajudar é questão do outro querer, e este demonstra esse querer em momentos específicos, apenas é preciso termos esse olhar clínico do quando agir, para não jogarmos pérolas ao vento.

    Abraços e excelente espaço.

    Priscila Cáliga

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  2. Não vivemos sozinhos, precisamos ajudar e ser ajudado. A troca faz parte do processo da vida. Infelizmente, existem pessoas ( e nacionalidades - frances é muito individualista, não dar nem mesmo uma simples inforamçao - sem querer generalizar, claro!) que não possuem na sua essência, o prazer de ser solidário.
    Obrigada pela visita e pelo carinho.
    Eu volto!
    Bjs

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  3. Olá Priscila e Bete! Primeiramente gostaria de agradecer os comentários de vocês que só vieram a agregar com riqueza a temática deste post. Concordo planamente com vocês no que diz respeito ao momento certo para se ajudar seja quem for na situação que for. Realmente precisamos de tato, de um certo sentimento para identificar e poder entrar em ação. Meu intuito era justamente fazer com que as pessoas discutam, reflitam e tirem disso o melhor possível para podermos aos poucos fazer a diferença nesse mundo.

    Um abraço à todas e estaremos ligados nesta rede!

    Beijão e boa semana à vocês.

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